Decorridos cem anos do nascimento de Jean-Paul
Sartre e sessenta e sete anos da publicação de A Náusea, basta
reler essa obra para perceber a importância do pensamento do
filósofo para nosso tempo. A pergunta de Roquentin pelo sentido
da existência não foi ainda respondida e, quiçá, jamais o seja; mas
a ausência de uma resposta positiva a essa indagação não nos
exime, no correr de nosso século, de nos perguntar sobre a razão
de nosso ser e sobre o sentido do mundo. E se tal questão soar
como inútil para os leitores mais pragmáticos, há que se dizer em
contrário: essa pergunta é a base para que o indivÃduo tome
consciência de sua situação e que, apenas desse modo, é possÃvel
empreender uma ação consciente e efetiva. É com esse intuito
que apresentamos uma leitura da estranha experiência vivida por
Roquentin em Bouville.