Este artigo apresenta etnografia de uma rua de um bairro popular da cidade de João Pessoa, através da memória dos seus moradores. Procura mostrar como as narrativas dos moradores remontam a conformação de uma cultura emotiva e o seu arcabouço moral ungidos na trama pessoal e coletiva das trajetórias que uniram homens e mulheres em um lugar, no interior de uma história natural de solidariedade e compromissos afetivos vividos por eles. Busca compreender igualmente as bases desta construção solidária, e a preocupação destes pioneiros em repassar este nós construído e experimentado como conhecimento emocional e moral aos seus descendentes. O que faz emergir, no cotidiano fazer-se da rua e dos seus moradores, um plano comum de ações e códigos de conduta para si próprios e para as novas gerações, transformando a rua em uma comunidade de afetos