Este trabalho teve como objetivo investigar as histórias de preconceito racial que residentes de Diamantina (MG) vivenciaram dentro da escola de educação básica como estudantes, entre as décadas de 1950 a 1980. Esse intervalo de tempo se justifica porque,historicamente, as escolas, inclusive as públicas, eram elitistas possibilitando a inserção de estudantes negros na sala de aula de modo tardio, e expressando dentro dela as concepções e modos de agir que ocorriam fora da instituição escolar, como nos dias atuais. A pesquisa foi orientada teoricamente com uma concepção crítica sobre a constituição do indivíduo e do racismo. A obtenção de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com cinco pessoas que estudaram em escolas do município investigado. Os resultados foram apresentados a partir das seguintes categorias de análise: Desigualdades sociais na/da escola e Preconceito racial na escola. Todos os participantes relataram processos de exclusão escolar em decorrência das desigualdades sociais, inclusive nas diferenças pedagógicas que eram oferecidas às crianças. Quase todos os participantes experienciaram o preconceito racial, mas a maioria compreende que eram “brincadeiras de crianças”, pois, em suas perspectivas, não havia a intenção de preconceito, mesmo quando quem promovia tais brincadeiras eram crianças com pele mais clara. A fuga é uma forma de compreender as vivências de preconceito identificadas nos entrevistados. Essa linha analítica sugere que o sofrimento do preconceito provoca esquecimento, como forma de suportar os impactos físicos e psicológicos gerados por essa experiência. Embora quando crianças, alguns dos entrevistados foram ensinados a ter orgulho da cor da pele e construíram ferramentas de cuidado e proteção de preconceitos, por exemplo, quando chamados de pretos ou negros, mesmo de forma pejorativa, não davam importância, pois esta era de fato a cor de suas peles. Esse sistema, ainda presente no interior da escola, continua ativo e precisa ser questionado.
This work aimed to investigate the stories of racial prejudice that residents of Diamantina experienced within the basic education system how students, between the 1950s and 1980s. This time intervalis justified because historically, schools, including public schools, were elitist, making it possible for black students to enter the classroom late, and expressing within it the conceptions and ways of acting that occurred outside the school institution, as they do today. The research was theoretically oriented around a critical conception of the constitution of the individual and racism. The data was collected through semi-structured interviews with five people who studied in schools in the municipalityunder investigation. The results were presented from the following categories of analysis: Social inequalities at/from school and Racial prejudice at school. All the participants reported processes of exclusion from school as a result of social inequalities, including the pedagogical differences that were offered to the children. Almost all of the participants experienced racial prejudice, but the majority understood that it was ‘child's play’, because from their perspective, there was no intention of prejudice, even when those who promoted such games were children with lighter skin. Escape is one way of understanding the experiences of prejudice identified in the interviewees. This line of analysis suggests that the suffering of prejudice causes forgetfulness, as a way of enduring the physical and psychological impacts generated by this experience. Although, as children, some of the interviewees were taught to be proud of their skin colour, and built tools to protect themselves from prejudice, for example when they were called black or negro, even in a pejorative way, they didn't take any notice, as this was in fact the colour of their skin, this system, which is still present within the school, is still active and needs to be questioned.
