O texto analisa historicamente a apresentação das cidades africanas no filme Appunti per un’Orestiade Africana (1969), realizado por Pier Paolo Pasolini (PPP), o qual propõe uma interpretação histórico-mítico da África do final dos anos 1960 por meio da Oréstia de Ésquilo. PPP usa a peça para interpretar as transformações históricas da África de então, retratando ambientes urbanos como “neocapitalistas”, mas identificando tanto nestes os sinais de cultura arcaica que mostravam a resistência de que chamava de cultura subproletária do “Terceiro Mundo”. Analisamos os tropos e ícones usados como chaves etnográficas de interpretação do “outro” no filme e em textos de PPP. Usando da iconologia e da narratologia tratamos das seguintes perguntas: Qual a singularidade das paisagens urbanas apresentados por PPP? Quais eram e de onde provêm os tropos mobilizados pelo cineasta? Qual a forma de ver/pensar a alteridade africana e a italiana do final dos anos 1960?
The text analyzes historically the presentation of African cities in the film Appunti per un'Orestiade Africana (1969), by filmmaker Pier Paolo Pasolini (PPP), which proposes a historical-mythical interpretation of late 1960's Africa through the Aeschylus’s The Oresteia. PPP uses the play to interpret the historical transformations of Africa at that time, portraying urban environments as “neocapitalist”, but identifying too in these the signs of archaic culture that showed the resistance of what he called the “Third World” subproletarian culture. We analyze the tropes and icons used as ethnographic keys of interpreting the "other" in the PPP’s film and texts. Using iconology and narratology we address the following questions: What is the uniqueness of urbans landscapes presented by PPP? What were and where were the tropes mobilized by the filmmaker? What is the way of seeing/thinking African and Italian otherness of the late 1960s?