O artigo propõe-se a desenvolver uma análise sobre o vídeo da reunião ministerial do governo brasileiro tornado público em maio de 2020 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A partir de formulações conceituais de Vilém Flusser, em um primeiro movimento operacionaliza-se a noção de scanning, não só como metáfora para decodificação de imagens técnicas, mas como método de interação analítica com essas superfícies, associada, também, a um segundo movimento, ao cotejamento das dimensões semióticas propostas por Charles Sanders Peirce. A exploração do material permitiu experimentar como se estabelece um modelo de pensamento a partir de imagens. O trabalho parte do pressuposto de que este acontecimento concentra uma série de fenômenos comunicacionais, que passam pelos processos em redes e plataformas digitais, bolhas algorítmicas e a eclosão do que se chamou de pós-verdade. Através de contradições ruidosas, a imagem evoca pensamentos mágicos, com a reificação de valores unidirecionais, mas que abrem espaços para apropriações diversas.
This paper proposes the development of an analysis about one video of the Brazilian Ministry Cabinet meeting that was released online in May 2020 under the decision of the Supreme Judiciary Court. From Villém Flusser´s theoretical formulations, we discuss the notion of scanning, not only as a metaphor to decodify technical images but as a method of analytic interaction with these kind of surfaces. Also, in one second operation we relate it to the semiotic dimensions proposed by C. S. Peirce. The scanning of the empirical material has alowed us to experiment how a model of thought is conceived starting from images. The work starts from the assumption that this event concentrates one series of communicational phenomena like processes in digital networks and platforms, algorithmic bubbles and the outbreak of what is so called post-truth. Through noisy contradictions, those images evoke magical thoughts and the reification of onedirectional values even though they open spaces for diverse interpretations and appropriations.