Este artigo analisa o lugar dos meios de comunicação na construção de um evento
crÃtico publicamente conhecido como “o estuprador serial de Córdoba†(Argentina),
um caso protagonizado por um homem que abusou de 93 mulheres nessa cidade.
Dentre os tópicos que funcionam como lógicas organizadoras do discurso jornalÃstico
e perpassam a cobertura se destacam: a consideração do estupro como um sofrimen-
to repentino e como quebra do cotidiano, a caracterização das mulheres ao mesmo
tempo como vÃtimas e corajosas, e a representação do homem a partir de imagens ani-
malizadas ou patologizadas. As ideias aqui apresentadas – desenvolvidas no contexto
da antropologia da mÃdia – fazem parte de uma etnografia das matérias publicadas e
sustentam a premissa de que o discurso midiático é um conjunto de representações
que tanto relatam quanto constroem mundos sociais.