A agroindústria canavieira é um dos fatores que causam fortes danos na Mata Atlântica do Nordeste brasileiro, sobretudo através do desmatamento para introdução dos canaviais e instalação do aparato industrial. Além dos danos na biodiversidade, há também danos sociais que afetam as comunidades que sobrevivem direta ou indiretamente do bioma da Mata Atlântica. Esse artigo possui como objetivo identificar as principais mudanças sociais na comunidade de pescadores de Baía Formosa/RN, geradas a partir da instalação de uma usina sucroalcooleira e a criação de uma unidade de conservação, e analisar os impactos sociais verifi cando a natureza destes negativos ou/e positivos, diretos ou indiretos. Para tanto, fundamentou-se numa abordagem qualitativa e perspectiva diacrônica, e fez uso da pesquisa bibliográfica e da história oral em conjunto com algumas técnicas e instrumentos de pesquisa como a observação direta, entrevista, registros de imagens e gravações. Identificaram-se impactos diretos negativos: perda do acesso às áreas de plantio, restrição de acesso aos recursos naturais e desmatamento. Positivos: visibilidade do município e preservação ambiental. Positivo e negativo: geração de empregos. Impactos indiretos: declínio da prática social da agricultura; perda do patrimônio cultural local; alteração na valorização que se atribui ao conhecimento ligado a mata; perda do saber-fazer da arte da carpintaria naval; empregos na safra da cana de açúcar; abandono de prática social da pesca; empregos atraídos pelo ecoturismo na mata; restrição de acesso para se trabalhar como guia; infraestrutura; atração do turismo; alteração dos recursos naturais; perda do signifi cado mítico ou sagrado agregado à área perdida; contribui barrando o avanço da cana.