Desde os anos 2000, a história oral, a memória e o testemunho vêm adquirindo maior espaço na historiografia brasileira da última ditadura, e contribuindo para a aproximação tensa e conflituosa deste campo com o espaço público, suas disputas políticas e processos de circulação e identificação cultural. O objetivo deste artigo é identificar e discutir os sentidos da memória nas produções historiográficas da ditadura nas duas últimas décadas trabalhando com a historiografia enquanto produtora de memória em estreita relação com o espaço público. Destacamos diferentes abordagens do chamado “dever de memória” em suas relações com as políticas públicas de memória no Brasil, os desdobramentos da consolidação da história do tempo presente para as relações entre história e memória, e os dissensos historiográficos a respeito das memórias revolucionárias e dos usos de categorias como trauma e frustração.
Since the 2000s, oral history, memory and testimony have acquired greater space in the Brazilian historiography of the last dictatorship, and have contributed to the tense and conflicting approach of this field with the public space, its political disputes and processes of circulation and cultural identification . The aim of this article is to identify and discuss the meanings of memory in the historiographic productions of the dictatorship in the last two decades working with historiography as a producer of memory in close relationship with the public space. We highlight different approaches to the so-called “memory duty” in its relations with public policies of memory in Brazil, the consequences of the consolidation of the history of the present time for the relations between history and memory, and the historiographical dissent regarding revolutionary memories and uses of categories such as trauma and frustration.