No decorrer do tempo, as garatujas, que refletiam sobretudo o prolongamento de movimentos rítmicos
de ir e vir, transformam-se em formas definidas que apresentam maior ordenação, e podem estar
se referindo a objetos naturais, objetos imaginários ou mesmo a outros desenhos. Na medida em
que crescem, as crianças experimentam agrupamentos, repetições e combinações de elementos
gráficos, inicialmente soltos e com uma grande gama de possibilidades e significações e, mais
tarde, circunscritos a organizações mais precisas. Apresentam cada vez mais a possibilidade de
exprimir impressões e julgamentos sobre seus próprios trabalhos. Enquanto desenham ou criam
objetos também brincam de “faz-de-conta” e verbalizam narrativas que exprimem suas capacidades
imaginativas, ampliando sua forma de sentir e pensar sobre o mundo no qual estão inseridas. Na
evolução da garatuja para o desenho de formas mais estruturadas, a criança desenvolve a intenção
de elaborar imagens no fazer artístico. Começando com símbolos muito simples, ela passa a articulá-
los no espaço bidimensional do papel, na areia, na parede ou em qualquer outra superfície. Passa
também a constatar a regularidade nos desenhos presentes no meio ambiente e nos trabalhos aos
quais ela tem acesso, incorporando esse conhecimento em suas próprias produções.