Neste trabalho busca-se entender a importância da prática de cooperação
entre agricultores familiares em uma região do Rio Grande do Sul a partir das suas
relações socioeconômicas endógenas e exógenas. Da análise das relações
endógenas vem a compreensão da lógica econômica da unidade familiar agrÃcola,
produzir o necessário para o auto-sustento com adequado uso da mão-de-obra
familiar disponÃvel. A partir das relações exógenas dos agricultores familiares se
compreende diversos costumes, tradições, culturas e simbolismos presentes nas
suas relações sociais, incluindo as relações de reciprocidade, ao mesmo tempo em
que se entende como e porque se transformam em agricultores integrados ao
mercado e aos complexos agro-industriais. Assim, constata-se a integração
mercantil dos produtores de leite e o confronto com o oligopsônio das indústrias de
laticÃnios, que detêm o poder de definição do preço do produto. Objetivando
contrabalançar este poder, os produtores se organizam em redes de
comercialização, aumentando sua capacidade de reivindicação por melhor preço e
condições de produção. A compreensão desse processo de organização dos
produtores em grupos informais ou formais envidou esforços desse estudo, a fim de
compreender como e por que se formam essas redes de cooperação entre tais
produtores e não entre outros, além de verificar se essa organização oportuniza
obter um melhor desempenho socioeconômico. Os resultados levam a duas
conclusões: as redes de cooperação formadas entre produtores de leite são geradas
a partir de relações de trabalho e das relações sociais de reciprocidade, as quais
desempenham um papel importante na formação de confiança entre eles; essas redes de cooperação proporcionaram melhores resultados nos indicadores sociais e
econômicos.
The present work tries to understand the importance of the cooperation practice
amongst familiar rural workers in a region of the state of Rio Grande do Sul from the
internal and external socio-economical relations. From the analysis of internal
relations comes the comprehension of economic logic of the family of rural workers in
producing only the necessary for their self-support with adequate use of available
familiar labour. The external relations of the rural workers are comprised of several
traditions, culture and symbolism which are present on social relations in the family
including the reciprocity relations and, at the same time, it is understood how and
why the latter changes in rural workers integrated to the market and the agroindustrial
complexes. Thus, this is the merchant integration of milk producers and the
confrontation with the oligopsonies of dairy products, which have the power to dictate the price of products. In order to balance this power, the producers organize
themselves into joint network trades in order to increase their bargain capabilities,
better price and product conditions. The comprehension of the process of
organization in formal and informal exerted the efforts of this study, in order to
understand how and why these cooperation networks amongst such producers and
not amongst others. Besides, it may be verified whether this organization gives
opportunities to obtain a better socio-economical performance. The results led to two
conclusions: the cooperation networks formed amongst milk producers are generated
from the work and social relations of reciprocity, where the main concepts play an
important role on trust formation amongst them; these cooperation networks have
given better results on the social and economical indicators.