Segundo alguns estudiosos das obras de Galileo Galilei (1564-1642), encontram-se nestas algumas pioneiras conceituações do que virá a ser a conhecida lei de inércia, formulada por Descartes e Newton em sua completude. Porém, para estes estudiosos, a inércia galileana é diferente da lei cartésio-newtoniana, na medida em que Galileo possui, segundo eles, um princÃpio de “inércia circularâ€, i.e., um entendimento de que somente os movimentos circulares poderiam se conservar na ausência de resistências. A finalidade do presente artigo é argumentar que estes estudiosos cometem, em suas análises das palavras de Galileo, o que se pode entender como uma variação da chamada falácia existencial, extraindo indevidamente de pronunciamentos sobre o mundo real um princÃpio que trata de um movimento de efetivação impossÃvel, o movimento inercial. Outro objetivo que aqui se busca é o de apresentar ao leitor duas conceituações de Galileo envolvendo conservação de movimentos retilÃneos, o que se pretende que constitua falsificações inequÃvocas da interpretação da “inércia circularâ€.