Ao longo do século XX, as mulheres conquistaram novos espaços nas relações sociopolíticas. Eram marcantes as restrições à atuação sócio política feminina, que se pautavam em uma sociedade de padrões patriarcais, que julgava o sexo feminino inferior nas relações humanas. Este trabalho apresenta enunciados da revista de variedades Careta, fonte para delimitar os exercícios de poder históricos através da circulação de enunciados que serviam tanto à informação quanto à instrução da sociedade de um modo geral. Para as mulheres, orientações de comportamento e a expressão de opiniões sobre a atualidade efervescente e diversa, como forma de conformá-las ao destino de recato ou por vezes sugerindo ironia em observar as disparidades entre masculino e feminino. Em contraponto às determinações de um lugar de recato, destaca-se também indícios de resistência feminina aos saberes e poderes que oprimiam e naturalizavam um lugar de silêncio para elas. O movimento dos acontecimentos históricos sugere margens habitadas por possibilidades latentes de respostas à ordem vigente. O movimento sufragista, a Primeira Guerra, a Escola Normal, com ou sem teor de movimento pelos direitos femininos são apresentados como meios de propor o debate sobre a tensão estabelecida no jogo de forças e poder entre o masculino e o feminino.
Indications of interditions to the feminine speech and its forms of resistance: the Careta magazine and the will of truth (1914-1918). Throughout the 20th century, women gained new spaces in socio-political relations. There were striking restrictions on the socio-political feminine performance, which were based on a society of patriarchal standards, which judged the female sex inferior in human relations. This paper presents statements from the variety magazine Careta, a source for delimiting historical power exercises through the circulation of statements that served both information and instruction of society in general. For women, behavioral guidelines and the expression of opinions on the effervescent and diverse present, as a way to conform them to the destiny of modesty or sometimes suggesting irony in observing the disparities between masculine and feminine. In contrast to the determinations of a place of modesty, there are also signs of female resistance to the knowledge and powers that oppressed and naturalized a place of silence for them. The movement of historical events suggests margins inhabited by latent possibilities of responses to the prevailing order. The suffragist movement, the First War, the Normal School, with or without the content of the feminine rights movement, are presented as a means of proposing the debate on the tension established in the game of strength and power between the masculine and the feminine. Keywords: History of female education; Magazine Careta; Game of strength and power.