No trechodos Grundrisse,conhecido como Fragmento sobre as máquinas, Marx discute o papeldo conhecimentocoletivo, que ele chama de intelecto geral,emprocessos de produçãoda grande indústria, onde a automação industrial tende a expulsar do processo de trabalho o único agente capaz de criar valor: o trabalhador. Nesse exercício de reflexão,Marx imagina que essa contradição poderia abalar as bases do modo de produção capitalista e abrir uma janela para sua superação. O intelecto geralde Marxé o ponto de partida do artigo, que tem como objetivos:(i) analisar a controversahipótese acerca do intelecto geral queMarx registra nos Grundrisse; (ii) apresentar a origem da expressão intelecto geral, que data do começo do século XIX, décadas antes do seu registro nesse manuscrito; e (iii) revelarcomo Marx supera aquela interpretação alguns anos depois, ao expor suas conclusões sobre opapel da ciência e da técnica nos processosde produçãocapitalistas. Este artigo estabelece uma interlocução com algumas reflexões de MatteoPasquinelli e Michael Heinrich, entre outros autores, em confronto com os escritos que Marx nos legou.
In the excerpt from the Grundrisseknown as Fragment on machines, Marx discusses the role of collective knowledge, which he terms general intellect, within the production processes of large-scale industry, where industrial automation tends to expel from the working process the only agent who can create value: the worker. According toMarx’s supposition, thiscontradiction could undermine the foundations of the capitalist mode of production and bring the possibility of its overcoming. Marx's general intellect is the starting point of thearticle, which aims: (i) to analyze the controversial hypothesis about the general intellect that Marx exposesin the Grundrisse; (ii) to present the origin of the expression general intellect, which dates from the beginning of the 19th century, decades before its registration in this manuscript; and (iii) to revealhow Marx overcomes that interpretation a few years later, when he presents his conclusions about the role of science and technology in capitalist production processes. The article establishes an interlocution with some thoughts of Matteo Pasquinelli and Michael Heinrich, among other authors, confronting them with Marx’s writings.