O Brasil, historicamente, se constituiu sobre a escravidão indígena e de africanos e afro-brasileiros, o que gerou uma sociedade racista e extremamente desigual. A luta dos povos indígenas e de escravos africanos pela liberdade nunca deixou de existir, apesar da crueldade imposta a estes povos pelo sistema colonial e neocolonial. A experiência de realizar um projeto de extensão enfocando a história indígena em escolas da rede pública do município de Pelotas, no Rio Grande do Sul, Brasil, concretizando os objetivos da Lei 11.645, de março de 2008, vem demonstrando que é possível envolver crianças e jovens numa nova abordagem dessa realidade histórica, principalmente quando se abre a oportunidade de ouvir nas salas de aula estudantes universitários e lideranças indígenas que falam de suas histórias e culturas, a partir de um diálogo criativo e desafiador. Docentes de escolas públicas igualmente estão envolvidos em um processo de formação continuada que lhes habilita a darem continuidade aos temas abordados, conforme preveem os projetos pedagógicos dos cursos. A abordagem teórica deste artigo faz referência aos estudos decoloniais e interculturais.