INTRODUÇÃO: A Fibrose Cística (FC) é uma doença genética autossômica recessiva multissistêmica. Suas principais manifestações clinicas são o comprometimento respiratório e o digestivo, com repercussões no desenvolvimento do organismo e sistema muscular. Sabemos que a redução da capacidade de exercício e da aptidão aeróbica, por meio do consumo máximo de oxigênio (VO2 max), está associada à baixa expectativa de vida. Dentre os mecanismos que podem promover a intolerância ao exercício temos a hiperinsuflação dinâmica (HD), já que, durante a atividade física, o incremento da demanda ventilatória em pacientes com limitação do fluxo aéreo gera também aumento progressivo do aprisionamento. Outras consequências importantes associadas a HD incluem o aumento do trabalho respiratório, limitação ventilatória mecânica precoce, fraqueza muscular inspiratória e possível fadiga, retenção de CO2, dessaturação e efeitos adversos na função cardíaca.
OBJETIVO: Investigar a presença de HD em crianças e adolescentes com FC e relacionar com desfechos clínicos e funcionais.
METODOLOGIA: Estudo transversal com pacientes com FC atendidos no ambulatório de pneumologia infantil de um hospital público de Porto Alegre, com idade entre 9 e 18 anos. As avaliações do estudo incluíram: teste de esforço cardiopulmonar com medida da capacidade inspiratória, pletismografia, espirometria e analise da qualidade de vida.
RESULTADOS: Foram avaliados 33 pacientes, do total de pacientes 42,4% apresentaram HD. Na análise de correlações, observou-se correlação forte entre a CI e a CVF (r = 0,783 e p 8804; 0,001), o FEV1 em litros (r = 0,719 e p 8804; 0,001) e a dinamometria média (r = 0,748 e p 8804; 0,001). Observamos correlação moderada entre a CI e a idade (r = 0,519 e p 8804; 0,002), a carga (r = 0,589 p 8804; 0,001) e o VO2 de pico (r = 0,561 e p 8804; 0,001).
CONCLUSÃO: Este estudo apresentou prevalência de pacientes sem HD de 35%, medida durante o teste de esforço cardiopulmonar. Na comparação entre os grupos de pacientes com e sem HD com a as variáveis clinicas e funcionais, não foi encontrada diferença significativa entre os dois grupos.