Brasil e Espanha são exemplos de "transições pactuadas à democracia", em ambos os casos tais processos se basearam em pactos entre as forças políticas, não na vitória de uma delas. Porém, enquanto na transição espanhola do franquismo para a democracia temos um exemplo de êxito a se considerar, o caso do Brasil é mais ambíguo. A questão óbvia é: Como e por que a transição espanhola do franquismo para a democracia teve tanto êxito' ? E por que depois de mais de 20 anos do início da abertura democrática, o Brasil continua tendo um quadro institucional não tão sólido, sujeito a variações de acordo com interesses ? A proposta deste projeto é comparar estes dois casos históricos - não em termos de suas dimensões políticas e econômicas, mas em termos de seus "espíritos". Argumentamos que não era simplesmente a estrutura específica da Espanha (economia e política), que a colocava em vantagem sobre o Brasil, mas que o processo de transição espanhol teve a vantagem de ter criado um sistema simbólico significativo. Nesse trabalho queremos identificar se o Brasil também chegou a criar seu próprio sistema simbólico ou não, e em que medida a presença ou falta desse sistema simbólico influenciou a transição democrática brasileira e o resultado de democracia a que se chegou.