O presente artigo defende que a situação mundial de Pandemia da Covid-19 tem apresentado, enquanto manifestação das fragilidades humanas, a ressurgência do pensamento mítico em duas direções: o mito do cientista especializado, enquanto alguém que, como Prometeu, roubou o fogo do conhecimento dos deuses e deu aos homens para reconciliá-lo com a natureza; e a regressão ao pensamento mágico clássico, cujo apelo à fé teria também a função de proteger a humanidade do mal. Nesse contexto, a mídia hegemônica aposta sua credibilidade em médicos e especialistas, reiterando sua “neutralidade” ideológica e política. Enquanto as redes sociais sofrem de profunda crise infodêmica, restituindo a função obscura do mito original, que se espalha viralmente pela web. Partindo da Teoria Crítica, o estudo aponta para a importância da filosofia como campo do saber que se opõe às explicações dogmáticas para o complexo momento pandêmico atual.