Uma lei debatida no congresso indiano por ocasião da emergência do Estado-nação, cuja intenção era expurgar elementos ambíguos entre renunciantes, inspira um debate inicial a respeito de discursos e procedimentos de registro e controle da instituição da renúncia na Índia. Este artigo argumenta que o ascetismo “não-domesticado” sofreu encapsulamento político-conceitual ao longo de situações históricas diversas, mas continua a oferecer uma retórica vivida de empoderamento e emancipação considerada legítima. A partir da análise de modelos míticos como Shiva e Dattātreya e de sujeitos etnográficos como os praticantes de austeridades entre nāgā sādhus, propõe-se uma avaliação do conceito de siddha, iogue que adquiriu poderes criativos. O artigo sugere que a trajetória do asceta heterodoxo seja vista como empoderadora, de acordo com sua matriz cognitiva siddha e tântrica, e que a performance “no mundo” do virtuose seja compreendida como linguagem dissidente.
A bill moved by the Indian congress at the dawn of the rising Nation-state, intended to purge the ambiguous elements among renouncers, inspires an initial debate on discourses and procedures regarding the registration and control of the institution of renunciation in India. The article argues that “untamed” asceti-cism suffered political and conceptual blackboxing throughout diverse historical situations, though it continues to offer a legitimate lived rhetoric of empowerment and emancipation. Based on Shiva and Dattātreya as mythical models and on ethno-graphic examples among nāgā sādhus who perform austerities, the text explores the concept of siddha, a yogi who has acquired creative powers. The articles suggests that the heterodox ascetic’s trajectory be seen as empowering, in accordance to its siddha and tantric cognitive matrix, and that the virtuoso’s performance “in the word” be understood as a dissident language in its own right.