Jazz em cisma: a disputa pela memória e pela música de Thelonious Monk

Revista da Tulha

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ISSN: 2447-7117
Editor Chefe: Marcos Câmara de Castro; Eliel Almeida Soares
Início Publicação: 02/01/2017
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Artes, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

Jazz em cisma: a disputa pela memória e pela música de Thelonious Monk

Ano: 2019 | Volume: 5 | Número: 1
Autores: Ricardo Augusto Brandão
Autor Correspondente: Ricardo Augusto Brandão | [email protected]

Palavras-chave: Jazz, Thelonious Monk, Música Popular, Neoclassicismo, Avant Garde..

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este trabalho parte da percepção de que a obra do pianista e compositor de jazz Thelonious Monk, para além de sua grande relevância musical, pode ser vista em uma dimensão canônica e simbólica, uma vez que  por  meio  de  suas  composições,  do  seu  jeito  de  fazer  música  e,  também, de sua personalidade marcante, que beira a excentricidade, Monk parece ter se tornado uma espécie de mito, um emblema capaz de influenciar e pautar as discussões ligadas ao jazz. Neste sentido, o objetivo deste estudo é observar como este emblema parece, de certa forma,  ser  um  elemento  em  disputa,  uma  espécie  de  capital  simbólico  usado  para  validar  diversas  correntes  musicais,  especialmente  a  vanguarda e o neoclassicismo, que parecem pleitear uma determinada hegemonia  dentro  do  campo  da  musicologia  do  jazz.  Muito  desta  controvérsia pode ser vista nas obras de autores como Daniel McClure (2006) e David Ake (2002), que questionam a consolidação do cânone jazzístico  e  as  disputas  dentro  deste  campo,  e  Robin  Kelley  (1999),  que discute como a obra e a imagem de Monk foram apropriadas por grupos, de ambos os lados, que tentavam consolidar uma tradição e uma narrativa sobre o que é o jazz. Além destes autores é conveniente trazer ao debate algumas percepções ligadas ao campo neoclássico a  partir  de  textos  como  The Jazz Tradition  (1993),  escrito  por  Martin  Williams, e os textos do trompetista Wynton Marsalis (2008). Por fim, por meio  das  gravações  de  releituras  das  composições  de  Thelonious,  será possível, sonoramente, observar como cada um destes campos se apropria desse repertório e quais discursos musicais eles tentam validar a partir dele.



Resumo Inglês:

This  work  starts  from  the  perception  that  the  work  of  the  pianist  and jazz composer Thelonious Monk, besides its great musical relevance, can  be  seen  as  a  canonical  and  symbolic  dimension  that,  through  his  compositions,  his  way  of  making  music,  and,  also,  his  strong  personality  that  borders  on  eccentricity,  Monk  seems  to  have  becomed  some  sort  of myth, an emblem capable to influence and guide jazz discussions.Following that, the aim of this paper is to observe how this emblem seems, in  some  way,  to  be  a  disputed  element,  a  kind  of  symbolical  capital  used  to  validate  several  musical  chaims,  especially  the Avant  Garde and  neoclassicism,  which  seem  to  dispute  a  certain  hegemony  inside  the field of jazz musicology. Most of this discussion can be seen in works from  authors  such  as  Daniel  McClure  (2007),  David  Ake  (2002),  that  discuss the consolidation of the jazz canon and disputes in this field, and Robin Kelley (1999), who discusses how Monk’s work and image were appropriated by groups on both sides trying to consolidate a tradition and narrative about what jazz is. Besides these authors it is convenient to bring to this discussion some perceptions related to the neoclassical field from texts as The Jazz Tradition (1993), written by Martin Williams, and the texts from the trumpeter Wynton Marsalis (2008). Finally, through the recording of rereadings made from Thelonious’ compositions, it will be possible, sonorously, to observe how each of these fields appropriates from this repertoire and which musical discourses they try to validate with it.