JECA TATU, INCAPAZ DE EVOLUÇÃO E IMPENETRÁVEL AO PROGRESSO: OS TEMPOS DA NAÇÃO NOS TEXTOS DE MONTEIRO LOBATO (1914-1919)

Revista de História Bilros

Endereço:
Av. Dr. Silas Munguba, 1700, Campus do Itaperi
Fortaleza / CE
60120-013
Site: http://www.seer.uece.br/bilros
Telefone: (85) 3101-9763
ISSN: 2357-8556
Editor Chefe: Prof. Dr. Francisco José Gomes Damasceno
Início Publicação: 30/11/2013
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: História

JECA TATU, INCAPAZ DE EVOLUÇÃO E IMPENETRÁVEL AO PROGRESSO: OS TEMPOS DA NAÇÃO NOS TEXTOS DE MONTEIRO LOBATO (1914-1919)

Ano: 2015 | Volume: 3 | Número: 5
Autores: Daniel Alencar de Carvalho
Autor Correspondente: CARVALHO, Daniel Alencar de | [email protected]

Palavras-chave: Monteiro Lobato, Jeca Tatu, nação, tempo, progresso.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Em novembro de 1914, na seção “Queixas e Reclamações” do jornal O Estado de São Paulo, foi publicado o artigo “Uma velha praga”, de José Bento Monteiro Lobato. Autor desconhecido, Lobato se colocava como “uma voz do sertão” que veio dizer às gentes da cidade as destruições causadas pelo caboclo no interior. No mês seguinte, animado com a repercussão do libelo, aprofunda suas críticas ao produzir uma caricatura: Jeca Tatu, uma espécie de Peri às avessas. Impenetrável ao progresso, Jeca era símbolo do atraso, das relações de produção arcaicas, da ignorância, do paternalismo das oligarquias e dos descompassos temporais existentes no país. Este artigo busca compreender de que modo a simultaneidade de tempos históricos no território nacional foi trabalhada nos textos de Monteiro Lobato, sobretudo entre 1914-1919. Como hipótese de trabalho, acredito que o suposto descompasso entre as populações interioranas e a aceleração temporal nas metrópoles do país, então Rio de Janeiro e São Paulo, foi sentida como uma tensão entre um “espaço de experiência”, identificado com as áreas rurais nas quais cresceu e administrou sua fazenda, e um “horizonte de expectativas”, um país onde as populações campestres pudessem ser incorporadas ao progresso, utilizando os conceitos de Reinhart Koselleck.



Resumo Inglês:

In November 1914, the article “Uma velha praga” was published by Monteiro Lobato, in the “Queixas e Reclamações” section of the newspaper O Estado de São Paulo. Then an unknown writer, Lobato described himself as “a voice from the hinterland” that came to tell the city people about he destruction caused by the caboclo in the backcountry. On the following month, and excited about the impact of his article, he deepened his criticism by producing a caricature: Jeca Tatu, a kind of Peri in reverse. Impenetrable to progress, Jeca symbolized slowness, archaic relations of production, ignorance, paternalism of the oligarchies and the existing gaps of time in the country. This article seeks to understand how the simultaneity of historic times in the national territory was understood in Monteiro Lobato’s work, especially between 1914-1919. As a hypothesis, I believe the supposed gap between the inland population and temporal acceleration in the country’s metropolises, Rio de Janeiro and São Paulo, was felt as a tension between a “space of experience”, indentified with rural areas in which he grew and where he managed his farm, and a “horizon of expectations”, a country – Brazil – where it’s rural populations could be incorporated to progress – making use of Reinhart Koselleck’s concepts.