Parece existir um alinhamento “natural” do tema empreender com ciências como a administração (gestão) que, por vezes, abarca quantitativo importante de material desta temática. Contudo, a própria administração é uma ciência multidisciplinar e interdisciplinar, fato muitas vezes ignorado compreendendo-a como somente um sistema de métodos e de controles. Retoma-se neste artigo o caráter inerente da administração enfatizando núcleos que contribuem para reflexões sobre os fundamentos das correntes de pensamento que formaram/formam o mundo (material e dos conceitos), assim como o de estudos das relações humanas, sociais e de seus mecanismos de ação. Portanto, objetivou-se fomentar a discussão sobre o empreender como efeito de uma realidade econômica, social, política e cultural desigual no neoliberalismo e não como mera consequência natural e salutar. Criticou-se estruturalmente o empreender resgatando a multidisciplinariedade de análise. Além da administração foi proposta a inserção de autores e conceitos advindos principalmente da economia, filosofia e sociologia. Constatou-se que é factível a premissa de que o empreender e seus derivados têm como fato gerador não uma pretensa naturalidade, mas uma realidade desigual e, ainda, que esta realidade deve sofrer ações com o objetivo de reequilibrar as forças econômicas, políticas, culturais e sociais, tendo o Estado papel vital neste processo.