O artigo discute as proposições de reforma da ordem mundial postuladas por Keynes, sustentando que as interpretações que tomam esse economista como um reformador utópico, tais como Belluzzo (2004) e Markwell (2006), devem ser qualificadas. A preocupação de Keynes sempre foi lidar com a realidade capitalista e, nesse esforço, ele apreendeu o caráter hierárquico e assimétrico das relações econômicas internacionais. Foi com base nessa constatação que ele defendeu a instituição da Clearing Union, um arranjo multilateral para a compensação dos pagamentos entre países e com poder de emitir a moeda universal, chamada de bancor. Além disso, muitos dos problemas apontados por Keynes acentuaram-se nas últimas décadas em virtude da dinâmica acicatada pelos mercados financeiros globalizados, revelando a contemporaneidade de suas reflexões.