Jornalismo e ficção, acredite se quiser

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ISSN: 2317-3815
Editor Chefe: Guilherme Cavalcante Silva, Alessandra Schwantes Marimon e Marta Mourão Kanashiro
Início Publicação: 01/11/2012
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Multidisciplinar

Jornalismo e ficção, acredite se quiser

Ano: 2012 | Volume: 1 | Número: 1
Autores: Aline Gastardeli Tavares da Câmara
Autor Correspondente: Aline Gastardeli Tavares da Câmara | [email protected]

Palavras-chave: jornalismo, jornalismo literário, ficção, Sensacionalista, O livro Amarelo do Terminal

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O jornalismo é quase sempre visto como um representante fiel da realidade. Embora muitos estudos sobre ele apontem a impossibilidade de se retratar fielmente a realidade em uma folha de jornal – e outros pontos de vista sobre o assunto estejam cada vez mais presentes em pesquisas, artigos e cursos sobre jornalismo – muitos jornalistas, redações, eventos e manuais da área ainda acreditam e pregam que o jornalismo precisa assumir esse papel; precisa assumir esse quase “dom” de dar a ver a realidade. No jornalismo literário, essa aposta é intensificada, pois se acredita que ele conseguiria retratar a realidade de maneira ainda mais fiel. Diante dessa confiança depositada no jornalismo, literário ou não, questiono se o jornalismo seria mesmo capaz de cumprir esse compromisso. Minha proposta é que as discussões sobre o assunto seriam mais potentes se não se pautassem nas dualidades e nas oposições entre verdadeiro-falso e realidade-ficção, mas tentassem dar a ver qual é a potencialidade da ficção para o jornalismo, especialmente para o jornalismo literário. Para isso, seria preciso suspender essas oposições, repensando o próprio conceito de ficção, apostando na ficção como possibilidade de desestabilizar as regras que regem o jornalismo e as totalizações da realidade pelas formas de representação, investindo na proliferação de novos sentidos e novos mundos através/pela ficcionalização da realidade. Neste artigo, discuto o conceito de ficção em um diálogo com o “jornal alternativo” Sensacionalista e O livro amarelo do terminal, tentando mostrar como esses dois artefatos jornalísticos investem na potência da ficção.



Resumo Inglês:

Journalism is usually seen as a representative of reality. Although many studies indicate it is impossible to represent the reality faithfully in a newspaper and other points of view on the subject are increasingly present in researches, articles and journalism courses; many journalists, essays, books and events in this area still believe and preach that journalism needs to assume this role, needs to assume this "gift" of showing the reality. In literary journalism, this bet is intensified because it is believed that it could represent the reality even more faithfully. Facing this belief in journalism, literary or not, I question whether journalism was even able to fulfill this commitment. My proposal is that the discussions on this subject would be most potent if it was not based in dualities or oppositions between true-false and realityfiction, but if it tried to see what is the potential of fiction for journalism, especially for literary journalism. For that, we would have to suspend these oppositions, rethinking the very concept of fiction, betting in fiction as a possibility of destabilizing the rules of journalism and the reality totalization through the representation, investing in the proliferation of new meanings and new worlds through fictionalization of reality. In this article, I discuss the concept of fiction in a dialogue with the "alternative newspaper" Sensacionalista and the book O livro amarelo do terminal, trying to see how these two journalism artifacts invest in the potency of fiction.