Este artigo tem por objetivo analisar a kénosis do Espírito Santo como chave de leitura da fé cristã na criação à luz do pensamento de Sergei Bulgakov. Evidencia-se a relevância soteriológica do Espírito Santo que, em sua igualdade ao Filho, diviniza o homem e o mundo. A kénosis do Espírito, que vai desde o pairar sobre as águas, na criação, até a Transfiguração, a consumação escatológica do novo céu e da nova terra, repousa sobre a criatura, atuando em sua condição humana marcada pela sua história e fragilidade. Ressalta-se que somente em analogia à kénosis do Filho é possível falar da kénosis do Espírito, isso porque esta se une à natureza humana, tomando-o debaixo da sombra do seu poder, da sua potência. Por fim, conclui-se que no influxo do Espírito que cria e recria, o ser humano é chamado a buscar em si mesmo a inspiração originária do Paraíso terrestre que o interpela à ética ecológica da responsabilidade de salvaguardar a criação.