Na nota acrescentada ao Prefácio à segunda edição da Críticada Razão Pura, Kant se apresenta aos leitores como defensor do Realismo Material, isto é, da posição filosófica que defende a existência de objetos externos ao sujeito cognoscente. No entanto, a tese do Idealismo Transcendental, que é apresentada como a solução para o problema cosmológico tratado na primeira antinomia, parece dispensar a crença na existência “fundada em si”de objetos fora do nosso pensamento.O objetivo deste artigo é caracterizar as duas teses que Kant assume, tentando mostrar que elas não são incompatíveis, e que uma solução para as dificuldades nas quais Kant parece estar enredado é oferecidapor ele mesmo na Doutrina Transcendental do Método,onde ele supera o ponto de vista puramente analítico, propenso ao dualismo de sujeito e objeto, e enfocaa razão “em ação”, isto é, a pragmática.Uma breve revisão do tema na Filosofia da Ciência contemporânea, fechando o artigo, demonstra a atualidade da discussão kantiana.
In the note added to the Preface to the second edition of the Critique of Pure Reason, Kant presents himself to readers as a defender of Material Realism, that is,the philosophical position that defends the existence of objects external to the knowingsubject. However, the thesis of Transcendental Idealism, which is presented as the solution to the cosmological problem dealt with in the first antinomy, seems to dispense with the belief in the existence “founded on itself”of objects outside our phenomenal mind. The purpose of this article is to characterize the two theses that Kant assumes by trying to show that they are not incompatible, and that a solution to the difficulties in which Kant seems to be entangled is offered by himself in the Transcendental Doctrine of Method, where he surpasses the point of a purely analytical view, prone to the dualism of subject and object, and focuses reason “in action”,that is, pragmatics.Abrief review of the topic in contemporary Philosophy of Science, closing the article, demonstrates the actuality of the Kantian discussion.