Na última década várias estudos empÃricos sobre a
moralidade foram publicados, utilizando ressonância magnética
funcional, análises de cérebros lesionados e manipulações
ambientais. A principal hipótese dessas pesquisas é que as intuições
e emoções têm um papel crucial nos juÃzos morais. Porém, elas não
devem ser entendidas como mecanismos frÃvolos e puramente
irracionais, mas sim como atalhos mentais lapidados pela seleção
natural quando as situações exigem uma resposta rápida. Uma
previsão dessa hipótese é que grande parte de nossas justificativas
morais na verdade são meras racionalizações de avaliações
inconscientes. Tais pesquisas sugeriram o Modelo do Processo
Duplo, segundo o qual os juÃzos utilitaristas se baseiam nas áreas
cerebrais mais associadas a planejamento e pensamento abstrato
enquanto que os juÃzos deontológicos estão mais associados a áreas
ativadas durante respostas intuitivas, de maneira que as pessoas
tendem ao utilitarismo quando a carga emocional é baixa e tendem
à deontologia quando o conteúdo emocional da situação é alto
(Greene, 2008). O presente artigo apresenta esse modelo, as
evidências a seu favor e as crÃticas feitas ele – em especial aquelas
feitas por (Moll, J. & De Oliveira-Souza, R., 2007). Ao final são
discutidas as implicações que a descoberta dos mecanismos
intuitivos da moralidade pode ter para questões de ética prática e
polÃticas públicas.