Desde The structure of scientific revolutions em
1962 até artigos da década de 70, Thomas Kuhn utilizou a
incomensurabilidade entre paradigmas para caracterizar a
mudança de compromissos teóricos e práticos nas ciências
maduras, destacando aspectos ontológicos, semânticos e
epistemológicos. A tese geral afirma a inexistência de uma instância
supraparadigmática que resolva conflitos entre comunidades
cientÃficas que defendam paradigmas rivais. As primeiras crÃticas
indicavam a irracionalidade que sua defesa instauraria. CrÃticas
de Shapere e de Sheffler incidiram sobre a formulação semântica.
Em resposta, Doppelt, defendendo um quadro kuhniano da
dinâmica da ciência, destacou que a incomensurabilidade
epistemológica seria a mais básica, e que, além disso, ela evitaria
as crÃticas dirigidas à versão semântica. Putnam, posteriormente,
também considerou apenas a incomensurabilidade semântica
para mostrar a irracionalidade do relativismo kuhniano. Contra
Doppelt, mostramos que não há uma redução dos aspectos
semânticos aos epistemológicos. São dimensões distintas de um
mesmo conceito. Contudo, a favor de Doppelt, entendemos que a
dimensão epistemológica acarreta formas de relativismos que se
impõem como desafios aos crÃticos que apenas se detiveram em
sua dimensão semântica.
: Since The structure of scientific revolutions in 1962
to the 70s articles, Thomas Kuhn used incommensurability
between paradigms to characterize the change of theoretical
and practical commitments in mature sciences, highlighting its
ontological, epistemological and semantic aspects. The general
thesis asserts the absence of a supra-paradigmatic instance that
resolves conflicts between scientific communities that defend
rival paradigms. Early criticisms indicate the irrationality that
his defense would involve. Shapere and Sheffler focused on
the semantic formulation. In response, Doppelt, defending a
Kuhnian framework of the dynamics of science, pointed out
that the epistemological incommensurability would be the most
basic, and that, moreover, it would avoid the criticism directed
at the semantic version. Putnam later also considered only the
semantic incommensurability to show the irrationality of Kuhnian
relativism. Against Doppelt, we show that there is no reduction
of the semantic aspects to the epistemological ones. They are
different dimensions of the same concept. However, on behalf
of Doppelt, we understand that the epistemological dimension
entails forms of relativism that impose themselves as challenges
to critics who just stopped in its semantic dimension.