A Via Láctea continua no espaço sideral, mas desaparece dos atlas linguísticos

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ISSN: 1980-1858
Editor Chefe: Kelcilene Grácia-Rodrigues
Início Publicação: 01/08/2005
Periodicidade: Trimestral

A Via Láctea continua no espaço sideral, mas desaparece dos atlas linguísticos

Ano: 2019 | Volume: 15 | Número: 31
Autores: Vanderci Andrade Aguilera
Autor Correspondente: V. A. Aguilera | [email protected]

Palavras-chave: via láctea, criação popular, atlas linguísticos

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Neste artigo, analisamos a presença, a frequência e a distribuição das variantes léxicas para denominar a Via Láctea nas cartas dos Atlas linguísticos do ParanáALPR (AGUILERA, 1994) e do Mato Grosso do Sul – ALMS (OLIVEIRA, 2007), bem como nos registros inéditos do Atlas linguístico do Brasil referentes a ambos os estados – ALiB-PR e ALiB-MS. Os dados demonstraram que: (i) a criação popular é muito fértil em associações mentais para atribuir nomes aos fenômenos da natureza dos quais o informante desconhece a nomenclatura padrão ou culta; (ii) pelo fato de as novas gerações não se deterem mais na observação do céu e dos astros, os índices de abstenção foram altos tanto nos dois trabalhos do MS como nos dados do ALiB-PR, mas não no ALPR; (iii) quanto às semelhanças entre os quatro corpora, verificamos que apenas duas formas são comuns a eles: caminho de Santiago e cruzeiro do sul; (iv) a religiosidade é muito marcante no ato de denominar a Via Láctea, seja buscando nomes do hagiológio romano, seja recorrendo a nomes bíblicos.



Resumo Inglês:

In this paper, we analyze the presence, frequency and distribution of lexical variants to name the Milky Way (‘Via Láctea’) in the reports of the Atlas Linguísticos do Paraná (‘Linguistic Atlases of Paraná’) – ALPR (AGUILERA, 1994), and of Mato Grosso do Sul – ALMS (OLIVEIRA, 2007), and in the unpublished reports of the Atlas Linguístico do Brasil (‘Linguistic Atlas of Brazil’) – ALiB-PR and ALiB-MS. The data showed that: (i) mental associations are very productive to name nature phenomena of which speakers are unaware of standard nomenclature; (ii) since younger generations no longer do sky and star observation, abstention rates were high in both data from MS and in data from ALiB-PR, but not in ALPR; (iii) as for similarities between the four corpora, we find that only two common forms among them: caminho de Santiago (‘Santiago way’) and cruzeiro do sul (‘Southern cross’); (iv) religiosity is remarkably productive in naming the Milky Way (‘Via Láctea’), either by names from the Roman hagiology or by biblical names.