Este ensaio, de caráter heurístico, propõe uma aproximação conceitual entre Flusser e Foucault, particularmente entre o primeiro livro de Flusser e a chamada fase arqueológica de Foucault. Após uma breve contextualização do panorama estruturalista ao qual ambos buscavam responder, são apresentadas quatro “cenas”, ou recortes temáticos, que preparam um diálogo que nunca existiu. O diálogo é traçado em torno da noção da palavra enquanto matéria irredutível a partir da qual o pensamento e a realidade podem se dar. Por fim, defende-se que, enquanto Foucault visava desnaturalizar as palavras, Flusser tratava de retraduzi-las, como um meio de amplificar a realidade.
This heuristic essay proposes a conceptual approximation between Flusser and Foucault, particularly between Flusser's first book and the so-called archaeological phase of Foucault. After a brief contextualization of the structuralist panorama to which they sought to respond, I present four “scenes”, or thematic clippings, that prepare a dialogue that never existed. Dialogue is traced around the notion of the word as an irreducible matter from which the thoughts and the reality can exist. Finally, I argue that while Foucault aimed to denature the words, Flusser came to retranslate them as a way of amplifying the reality.