Este artigo é um capítulo resumido e extraído de nossa Enciclopédia das Línguas Arawak - acrescida de seis novas línguas e dois bancos de dados (no prelo). Trata do subgrupo Bolívia (mojeño, baure, pauna, tereno) da família arawak. Nenhum ramo da família arawak apresenta tanta coesão como o subgrupo Bolívia: seu léxico, sua gramática, com um inusitado suprafixo A “não-factual”, e duas complexas cadeias de mudanças vocálicas (*i > *i > *e > *a ; *a > *ʊ / *o > i / i / u) evidenciam uma unidade diagnóstica entre suas línguas. Fornecemos dados detalhados sobre a história e a destruição dialetal dessas quatro línguas (séculos XVI-XVIII), assim como um resumo de suas estruturas fonológicas e gramaticais, antes de propor uma reconstrução do proto-Bolívia e um supergrupo Bolívia-Purus-Kampa-Amuesha (bpka) dentro das línguas arawak. Este estudo termina com uma lista de mais de 500 jogos de cognatos para o subgrupo Bolívia. Desde Payne (1991), os estudos comparativos arawak do subgrupo Bolívia são extremamente caóticos e, de uma certa forma, regrediram. Além disso, uma análise abrangente do paikone, magíana e apolista nos leva a alguns materiais lexicais falsificados que obrigam a rever o estatuto dessas línguas.
This summary of the Bolivian subgroup (Mojeño, Baure, Pauna, Tereno) of the Arawak family is extracted from our Encyclopedia of Arawak Languages - with six new languages and two databases (in press). No branch of this family is as cohesive as the Bolivian subgroup: its lexicon, its grammar, with an unusual suprafix A “non-factual”, and two complex vocalic chain shifts (*i > *i > *e > *a ; *a > *ʊ / *o > i / i / u) show a diagnostic unity among its languages. After detailing the historical and dialectical destruction of each of these four languages (16th-18th centuries), as well as their phonological and grammatical structures, we suggest a reconstruction of Proto-Bolivian and a Bolivian-Purus-Kampa-Amuesha supergroup (bpka) among Arawak languages. This contribution ends by listing more than 500 cognate sets for the whole Bolivian subgroup. Since Payne (1991), comparative Arawak studies in the Bolivian subgroup have been extremely chaotic and, in some ways, have regressed rather than advanced. Besides, a thorough analysis of Paikone, Magíana and Apolistaleads us to some spurious word lists that force us to revise the status of these languages.