O presente artigo é fruto de minha dissertação de mestrado, onde procuro refletir acerca das representações e repercussões do incesto em dois filmes ficcionais brasileiros – A Festa da Menina Morta (2008) e Do Começo ao Fim (2009). Sustento que as ficções que trabalho partem de um tema abjeto para a construção de obras de arte sublimes, que amaciam o tema, objetivando tirar-lhe toda sua “impureza”. Inicio o trabalho com análise pormenorizada dos filmes para, em seguida, discutir questões latentes às representações fílmicas do incesto no cinema brasileiro da década de 2000. Como spoiler, para me utilizar do jargão audiovisual contemporâneo, adianto que o tratamento dado ao tema parte de uma edulcoração do tabu, buscando tanto a suavidade estética, quanto justificativas às relações homoeróticas entre parentes consanguíneos.