Distintas foram as nuances em que se processou a recepção de La Chinoise junto a determinadas instâncias sociais, representadas por parte da crítica cinematográfica proveniente de membros do Cinema Novo ou não. Exemplos retirados aleatoriamente de cartas e textos dos diretores nacionais em referência a Jean-Luc Godard e, por extensão, a sua obra revelam traços que sinalizam por uma apropriação política e/ou estética de Godard no contexto brasileiro. Nesse prisma, determinados filmes de Jean-Luc Godard, não negligenciaram de fazer uso da política no constructo das fitas e o reconhecimento do papel dela na vida dos indivíduos ou os arranjos e disputas dos partidos de esquerda, bem como a atribuição dos papéis dos intelectuais na sociedade de consumo são traços de determinados filmes do cineasta francês, sendo que tais atribuições convergem ou facultam a uma maior proximidade dos cineastas do Cinema Novo com a obra e a cinematografia de Jean-Luc Godard, bem como manifestam a progressiva posição de esquerda do cineasta no espectro cinematográfico europeu. Por fim, as diversas tonalidades que assumiu o cinema político entre 1967 e 1969 permitem que se estabeleça uma análise sobre os elementos internos da película La Chinoise que possibilitaram uma trama próxima da sátira, pois, acredita-se ser esta a tendência que assumiu a urdira da obra delineando novas perspectivas para o cinema político, acuado face a distintos desafios geopolíticos e culturais dos anos sessenta.