Na memória americana, a vida nos subúrbios continua sendo um contexto de prosperidade, fundamental para aquele imaginário conhecido como sonho americano. Não obstante, é um cenário idílico que as séries televisivas vêm questionando desde o próprio florescimento desse modo de viver. Este artigo propõe um estudo de ficções de meados do século passado que foram aplicadas a uma leitura disfuncional do sonho americano: ou seja, narrativas que conseguiram ilustrar os lados opostos da homogeneização e da padronização, revelando a ordem do cotidiano como um simulacro precário. No entanto, são motivos ideológicos que as produções mais contemporâneas parecem reler como uma "nostalgia": categoria que a teoria de Fredric Jameson desenvolve para desafiar formas artísticas onde as ideias do passado são elaboradas alegoricamente, como imagens. resíduos sobre os quais o presente impõe outra linha de significação. A proposta argumentará que as chaves para essa nostalgia devem ser rastreadas até o processo de suburbanização do pós-guerra, um enclave que não pode ser pensado fora de um capitalismo tardio incipiente cuja reprodução serial planejou tanto um projeto urbano quanto a conformação de subjetividades. Em diálogo com as contribuições de Jameson, o artigo pretende mostrar como, desde o início, a televisão de massa funcionou não apenas como um modo de produção estética, mas também como uma instituição social com força crítica.
In American memory, life in the suburbs remains a context of prosperity, crucial to that imaginary known as the American Dream. However, it is an idyllic setting that television series have been questioning, even since the very flowering of this way of living. This article proposes a study of fictions from the middle of the last century that have been applied to a dysfunctional reading of the American Dream: that is, narratives that managed to illustrate the opposite sides of homogenization and standardization, revealing the order of the everyday as a precarious simulacrum. These are, however, ideological motives that the most contemporary productions seem to reread as a "nostalgia": a category that Fredric Jameson's theory develops in order to challenge artistic forms where the ideas of the past are elaborated allegorically, as images residuals on which the present imposes another line of significance. The proposal will argue that the keys to this nostalgia must be traced to the postwar suburbanization process, an enclave that cannot be thought outside of an incipient late capitalism whose serial reproduction planned both an urban project and the conformation of subjectivities. In dialogue with Jameson's contributions, the article aims to show how mass television has functioned not only as a mode of aesthetic production, but also as a social institution with critical force.
En la memoria estadounidense, la vida en los suburbios permanece como un contexto de prosperidad, crucial para ese imaginario conocido como Sueño Americano. No obstante, se trata de un escenario idílico que las series televisivas vienen cuestionando, incluso desde el florecimiento mismo de este modo de habitar. Este artículo propone un estudio de ficciones de mediados de siglo pasado que han aplicado a una lectura disfuncional del Sueño Americano: ello es, narrativas que lograron ilustrar las contracaras de la homogeneización y la estandarización, revelando el orden de lo cotidiano como un precario simulacro. Se trata, empero, de motivos ideológicos que las producciones más contemporáneas parecen releer como una “nostalgia”: categoría que la teoría de Fredric Jameson desarrolla a los fines de interpelar formas artísticas donde las ideas del pasado se elaboran de manera alegórica, en tanto imágenes residuales sobre las cuales el presente impone otra línea de significación. La propuesta sostendrá que las claves de esta nostalgia deben rastrearse en el proceso de suburbanización de posguerra, enclave que no puede pensarse fuera de un incipiente capitalismo tardío cuya reproducción en serie planificó tanto un proyecto urbanístico como la conformación de subjetividades. En diálogo con los aportes de Jameson, el artículo pretende exhibir cómo, tempranamente, la televisión masiva ha funcionado no solo como un modo de producción estética, sino además como una institución social con fuerza crítica.