O enriquecimento recente de nosso conhecimento do trabalho de Michel Foucault, pelo contributo de manuscritos não publicados e especialmente de seus cursos, abre novas perspectivas para o analista do discurso sobre os relatórios que manteve com este autor principal . É então uma questão de medir os limites desses links no contexto de uma história de análise do discurso, por um lado, e de revisá-los com vistas à sua eventual refundação, por outro lado. Minha abordagem a Foucault é, então, marcar a extensão de seu recurso ao funcionalismo discursivo, ao diferenciá-lo do funcionalismo sociológico, e especialmente do funcionalismo geral de muitos linguistas. Como tal, presto especial atenção ao período de desenvolvimento da arqueologia do conhecimento, nas suas várias versões, impressas e manuscritas, dentro do limite do conhecimento que temos atualmente e, em seguida, dos primeiros cursos, quer no período 1968-1973. Minha análise mostra dois importantes fatos discursivos. Em primeiro lugar, Foucault enfatiza como tratar os enunciados em sua operação sem reduzi-los, o que dá origem, em termos de discurso, a uma profusão de termos e expressões específicas do campo lexico-semântico de termo operacional. Mas esse funcionalismo não adere a um propósito geral. Descrevendo os enunciados em sua própria existência, Foucault delimita uma área de enunciado onde as condições de possibilidade e condições de existência prevalecem sobre as condições históricas limitadas às condições de produção. Como tal, seria errado confundir nele a produção do discurso e a formação do enunciado, que o diferencia singularmente dos analistas do discurso. Assim, Foucault fala prontamente de operações designadas por verbos, de conectores situados em substantivos, de formas adjetivas concretizadas em efeitos, no campo do poder de conhecimento, quando seu leitor pode pensar que ele está se referindo a um " função fundamental ", que pode ser percebida erroneamente como um funcionalismo nocional do tipo pragmático-enunciativo. Do mesmo modo, e, em segundo lugar, o estabelecimento de um funcionalismo tão concreto exige caracterizar, além de 1 diretor de pesquisa emérito no CNRS, seção 34 (línguas, idioma, discurso). Dezembro / 2016 Ano I Pagina 10 da presença frequentemente comentada do conceito de "formação discursiva", um momento histórico, o momento dinástico que coloca um momento histórico de transição, com o Antigo Régime e a Revolução Francesa em seu centro . Mas esse momento não tem, por sua própria historicidade, uma vocação para continuar como uma noção analítica, na medida em que assegura, em termos de discurso efetivo, a transição e complementaridade da arqueologia e da genealogia na perspectiva da epístola. - Mosaico geral de Foucault. A análise do funcionalismo discursivo conduz assim à questão da arqueogeneidade, que se abre amplamente às declarações mundiais, das suas configurações históricas.
L’enrichissement récent de notre connaissance de l’œuvre de Michel Foucault, par l’apport de manuscrits inédits et surtout de ses cours, ouvre des perspectives nouvelles à l’analyste du discours sur les rapports qu’il a entretenu avec cet auteur majeur. Il s’agit alors de mesurer les limites de ces liens dans le cadre d’une histoire de l’analyse de discours d’une part, et de les réviser dans la perspective de leur éventuelle refondation d’autre part. Mon abord de Foucault consiste alors à marquer l’ampleur de son recours au fonctionnalisme discursif, tout en le différenciant du fonctionnalisme sociologique, et surtout du fonctionnalisme général de nombreux linguistes. A ce titre, je prête une attention toute particulière à la période d’élaboration de L’archéologie du savoir, sous ses diverses versions, imprimée et manuscrites, dans la limite de la connaissance que nous en avons actuellement, puis aux premiers cours, soit à la période 1968 -1973. Il ressort de mon analyse deux faits discursifs marquants. En premier lieu, l’accent est mis par Foucault sur la manière de traiter les énoncés dans leur fonctionnement sans les y réduire, ce qui suscite, en terme de discours, une profusion de termes et d’expressions spécifiques au champ lexico-sémantique du terme de fonctionnement. Mais ce fonctionnalisme ne s’en tient pas à une visée générale. Décrivant les énoncés dans leur existence propre, Foucault délimite un domaine d’énoncabilité où conditions de possibilité et conditions d’existence prévalent sur les conditions historiques limitées aux conditions de production. A ce titre, il serait erroné de confondre, chez lui, production du discours et formation de l’énoncé, ce qui le différencie singulièrement des analystes du discours. Ainsi Foucault parle volontiers d’opérations désignées par des verbes, de connecteurs situés dans des substantifs, de formes adjectivales concrétisées dans des effets, au sein du champ du savoir-pouvoir, lorsque son lecteur risque de penser qu’il se réfère à une « fonction fondamentale », susceptible d’être perçue à tort comme un fonctionnalisme notionnel de type pragmatico-énonciatif. Par là même, et en second lieu, la mise en place d’un tel fonctionnalisme concret nécessite de caractériser, au-delà 1 Directeur de recherche émérite au CNRS, section 34 (langues, langage, discours). Dezembro/2016 Ano I Pagina 10 de la présence souvent commentée du concept de « formation discursive », un moment historique, le moment dynastique qui situe un temps historique de transition, avec l’Ancien Régime et la Révolution française en son centre. Mais ce moment n’a pas, de par son historicité même, vocation à perdurer comme notion analytique, dans la mesure il assure, en terme de discours effectifs, la transition et la complémentarité de l’archéologie et de la généalogie dans la perspective épisté- mologique d’ensemble de Foucault. L’analyse du fonctionnalisme discursif aboutit ainsi à la question de l’archéogénéalogie qui nous ouvre largement au monde des énoncés, de leurs configurations historiques.