Curvas de aprendizado têm sido estudadas há bastante tempo. Esses estudos suportam fortemente a hipótese que, conforme as organizações produzem mais de um determinado produto, os custos unitários de produção caem numa taxa decrescente (veja Argote, 1999 para uma ampla revisão de estudos em curvas de aprendizado). Mas os mecanismos organizacionais que levam a esses resultados ainda não foram suficientemente explorados. Sabemos quais são alguns fatores causadores das curvas de aprendizado (ADLER; CLARK, 1991; LAPRE et al., 2000), mas ainda não sabemos muito sobre os detalhes dos processos organizacionais por trás dessas curvas. Através de um estudo etnográfico, eu trago um relato abrangente do primeiro ano de operações de uma nova fábrica de automóveis, descrevendo o que acontecia na área de montagem durante as mudanças mais relevantes na curva de aprendizado. A ênfase é portanto em como o aprendizado ocorreu nessa fábrica. Minha análise sugere que a curva geral de aprendizado é na verdade o resultado de um processo de integração que juntou várias curvas de aprendizado que aconteciam individualmente em diferentes áreas da organização. Ao final, proponho um modelo para entender a evolução dos processos de aprendizado e os mecanismos organizacionais que deram suporte a esses processos.
Learning curves have been studied for a long time. These studies provided strong support to the hypothesis that, as organizations produce more of a product, unit costs of production decrease at a decreasing rate (see Argote, 1999 for a comprehensive review of learning curve studies). But the organizational mechanisms that lead to these results are still underexplored. We know some drivers of learning curves (ADLER; CLARK, 1991; LAPRE et al., 2000), but we still lack a more detailed view of the organizational processes behind those curves. Through an ethnographic study, I bring a comprehensive account of the first year of operations of a new automotive plant, describing what was taking place on in the assembly area during the most relevant shifts of the learning curve. The emphasis is then on how learning occurs in that setting. My analysis suggests that the overall learning curve is in fact the result of an integration process that puts together several individual ongoing learning curves in different areas throughout the organization. In the end, I propose a model to understand the evolution of these learning processes and their supporting organizational mechanisms.