Aliar novas tecnologias ao ensino de literatura esbarra no desafio de não se
deixar o texto literário em segundo plano ou apenas mudar o suporte em que
ele aparece, sem que haja, de fato, uma preocupação com sua interpretação.
Com o objetivo de refletir sobre uma proposta acerca da compreensão de um
texto literário, este trabalho apresenta uma experiência realizada em sala de
aula com turmas do ensino médio e a leitura dos textos O alienista, de
Machado de Assis, e A hora da estrela, de Clarice Lispector, demonstrando
uma prática de uso do texto literário vinculada à criação de memes, que
também podem ser considerados gêneros textuais. Levando em conta os
apontamentos de Rildo Cosson e Jean Foucambert, discute-se a validade e os
resultados da atividade, que aborda um gênero que é de conhecimento dos
estudantes e que gera até mesmo estranheza quando é aproximado da prática
da aula de literatura. Notadamente se percebeu o interesse de uma parcela
dos estudantes, acostumados com o gênero textual, o que culminou na
produção de memes que demonstraram um repertório criativo na busca por
atingir o sentido que experimentaram nas leituras. Em suma, verificou-se uma
apropriação do sentido e das diversas possibilidades de se abordar um fato
que pode soar aparentemente sem importância no enredo, mas que, fazendo
parte da literatura, permite reflexões sobre o processo de formação humana
propiciado por essa tarefa, potencializada pela escola, espaço do qual se
espera tal experiência.