A relação dialógica tem sido considerada como unidade de análise privilegiada na investigação da linguagem da criança. Este trabalho consiste, portanto, numa tentativa de abordar tal unidade a partir da idéia de experiência discursiva partilhada. Nesse sentido, pretendemos indicar algumas questões sobre a noção de partilha, ou melhor, sobre a noção de história discursiva partilhada pelos interlocutores (adulto e criança), durante a trajetória lingüÃstica do sujeito. Embora possua raÃzes na pragmática, tal noção tem sido adotada em diferentes abordagens, no campo da Aquisição de Linguagem. Realçamos, então, a importância do papel desempenhado pela partilha na tentativa de explicar a mudança, que ocorre no sujeito, de uma condição de não falante para uma condição de falante. Propomos, entretanto, que parece não se tratar de uma noção simples, natural, evidente em si mesma e, por isso, mereceria ser colocada em discussão.