A caatinga é um dos seis biomas que compõem a biodiversidade territorial brasileira. Seu clima é semiárido, por essa razão, sua flora possui características únicas que permitem uma adaptação a essas condições. Um dos problemas que vem se intensificando nas últimas décadas é a questão da degradação do bioma. Nesse contexto, compreender as relações etnobotânicas como é defendida por Hamilton (apud et al., 2003), constitui uma ponte entre o saber popular e o cientifico, estimulando o resgate do conhecimento tradicional, a conservação dos recursos vegetais e o desenvolvimento sustentável. O referido trabalho tem como objetivo compreender os saberes e fazeres das populações do município de Ichu - BA acerca das plantas que se encontram presentes em áreas de plantio e/ou de preservação. Espécies de plantas nativas da caatinga, como a Macambira (Bromelia laciniosa), Gravatá (Aechmea Aquilega) e Caroá (Neoglaziovia variegata), tornaram-se foco desta pesquisa, pois estão desparecendo devido à ação antrópica. Ichu possui características comuns de um município interiorano, ou seja, seus habitantes têm estreita relação com o campo, além de possuir diversas comunidades rurais. O método de obtenção de dados empregado foi baseado na técnica Snowball, que permite uma coleta mais abrangente, pois utiliza a indicação em série de informantes a partir de redes de relacionamento com o objeto de pesquisa, neste caso, as plantas da caatinga. Foram realizadas cinco fases de snowball, i.e., cinco pessoas participaram individualmente da caminhada transversal na caatinga, nas quais se identificou aspectos botânicos, usos, entre outras observações a respeito das plantas presentes nos locais visitados. Foram catalogadas cerca de cento e cinquenta espécies dentre espécies nativas e exóticas da Caatinga. Durante a realização da pesquisa foi possível perceber relações etnobotânicas que podem apontas as consequências do inadequado manejo, preservação das plantas e planejamento do seu uso (alimentar, medicinal, etc.). Nas três espécies apontadas, percebemos que não há um planejamento de recomposição florística na caatinga e que sua presença se dá de forma espontânea e cada vez mais rara, segundo os informantes. Nesse sentido, com a realização dessa pesquisa ficou claro que o relacionamento das populações com a flora do bioma em que esta inserida, pode identificar diferentes níveis de preservação, onde algumas pessoas apontam para uma compreensão integrada das plantas na caatinga (interações com outras plantas e animais, potenciais de uso, indicadores naturais) e outras não percebem a necessária importância da valorização das espécies.