Em tempos de pandemia, as fragilidades existentes decorrentes das desigualdades, conformadas e aprofundadas na globalização neoliberal, se expressam de forma mais contundente. O modelo biomédico, centrado na assistência hospitalar e em tecnologias duras, evidenciou sua insuficiência para o cuidado coletivo no contexto do Covid 19. O cuidado de vizinhança dos diferentes grupos populacionais e a Atenção Básica em Saúde integrada às redes de cuidado são vias que, se trilhadas, possibilitam um manejo mais adequado frente às situações emergenciais de saúde. Na trajetória de lutas e afetividades da Educação Popular na Saúde no Brasil, emergem práticas e saberes tecidos cotidianamente de forma compartilhada nas diversidades dos territórios de vida. Movimentos decoloniais na saúde, embora contra hegemônicos, têm apontado experiências mais plenas de cuidado coletivo, como o Bem Viver – cosmologia que adquire nuances entre povos originários na América Latina. São princípios elencados por essa perspectiva: reciprocidade, relacionalidade, complementariedade e solidariedade entre pessoas e comunidades. Aprender com outras epistemologias que trazem capilaridades de cuidado recíproco, incluindo todos os seres da Natureza, é uma possibilidade de potencializarmos outras narrativas para a promoção de saúde e para o adiamento do fim do mundo.
In times of pandemics, the existing weaknesses arising from the conformed and deepened inequalities in neoliberal globalization, are expressed more forcefully. The biomedical model, centered on hospital care and hard technologies, is limited to adequate collective care and this failure has gained more visibility with Covid 19. Neighborhood care for different population groups and Primary Health Care integrated with care networks are paths that, if followed, enable a more appropriate management in the face of emergency health situations. In the trajectory of struggles of Popular Education in Health in Brazil, practices and knowledge emerge daily in a shared way in the diversity of life territories. Decolonial movements in health, although against hegemony, have pointed to fuller experiences of collective care, such as Living Well (Bem Viver) –a cosmology that acquires nuances among peoples from Latin America. These principles are listed by this perspective: reciprocity, relationality, complementarity and solidarity between individuals and communities. Learning from other epistemologies that bring capillarities of reciprocal care, including all beings of Nature, is a possibility for inventing other narratives for health promotion and postponing the end of the world.