A proibição do uso do fogo pelo Código Florestal Estadual do Rio Grande do Sul, Lei Estadual n° 9519/92, levou a pecuária tradicional a ser considerada antiecológica e antieconômica. Entretanto, os usos da terra que a substituíram nos anos seguintes tiveram um impacto ambiental ainda pior, sobretudo em relação a mudança da paisagem, o que acarretou uma redução expressiva dos Campos de Cima da Serra, ecossistema associado ao Bioma Mata Atlântica. A pesquisa e documentação do conhecimento ecológico local (CEL) sobre a pecuária tradicional é de grande relevância para a negociação deste conflito socioambiental. O objetivo do presente estudo foi testar o CEL dos pecuaristas dos Campos de Cima da Serra quanto ao período de pousio, e com base nisso, propor uma rotina de monitoramento para as licenças ambientais emitidas para o manejo dos campos através do uso do fogo. Foi proposto um sistema de monitoramento de uso do fogo utilizando sensoriamento remoto, baseado na classificação supervisionada orientada e identificação de queimadas através de sítios de treinamento, oriundos de amostras fortuitas de classes de uso conhecidas. Para isso, foi utilizado o processamento das bandas espectrais do sensor imageador OLI do satélite Landsat 8, pelo complemento “classificação semiautomática” do software Quantum GIS 2.4. Através das etapas metodológicas apresentadas, o Poder Público poderá monitorar simultaneamente diversas licenças, em curto período de tempo, o que, juntamente com medidas preventivas e mitigatórias, pode viabilizar o licenciamento ambiental do uso do fogo na região.