Resumo Português:
Este trabalho tem como objetivo analisar como a animalização de algumas personagens de
Grande Sertão: Veredas, do autor brasileiro João Guimarães Rosa, é usada como um recurso para/na
construção de seu romance. Para tanto, faz-se imprescindível levar em consideração algumas questões
acerca da noção de monstruosidade (MAGALHÃES, 2003), de animalidade (MACIEL, 2016) e da
singularidade da escrita da obra rosiana (MEYER, 2008), bem como alguns símbolos são retratados
nessa obra (CHEVALIER e GHEERBRANT, 2015). Por fim, através dessas perspectivas teóricas, é
possível apontar que, em Grande Sertão: Veredas, a animalização de algumas personagens não tende
a ser utilizada somente como um recurso negativo ou de inferioridade, mas também – e sobretudo –
como um recurso de construção na relação que as personagens mantêm entre si e com o sertão – de
admiração, confiança, força e poder, dependendo, entretanto, da ótica da personagem-narradora da
história, Riobaldo.
Resumo Inglês:
This paper aims to analyze how the animalization of some character’s from Grande Sertão:
Veredas, by the Brazilian author João Guimarães Rosa, is used as a resource for the construction of his
novel. Therefore, is it crucial to take into consideration some issues regarding the notion of monstrosity
(MAGALHÃES, 2003), animality (MACIEL, 2016) and the singularity of Rosa’s writing ((MEYER,
2008), as well as how some symbols are portrayed in this work (CHEVALIER e GHEERBRANT, 2015).
Finally, through these theoretical perspectives, it is possible to say that, in Grande Sertão: Veredas, the
animalization of some characters do not tend to be used only as a negative or inferiority resource, but
also – and above all – as a resource for the construction of the relationship the characters establish
between themselves and the “sertão” – of admiration, trust, strength and power, depending, however,
on the narrator of the story, Riobaldo.