A partir de uma conferência de Jorge Luís Borges proferida sobre o livro e suas reflexões sobre a representatividade nacional de certas obras, esse artigo discute o princípio que rege a escolha de certos livros como símbolos de um povo ou nação. Borges percebe que as nações tendem a eleger autores contrários ao seu espírito e cultura. Aqui a autora procura refletir sobre a eleição de textos fundadores no pensamento brasileiro e seu papel na invenção do país. Neste sentido, os livros da nacionalidade brasileira constróem uma tradição de reflexão crítica do Outro em busca de uma fisionomia singular da nação. Tais livros prestam-se à função de antídoto contra o que Jacques Le Goff chama de “amnésia coletiva”.