O lixo urbano constitui um dos mais complexos desafios socioambientais enfrentados pelo Brasil contemporâneo. O acelerado crescimento populacional, somado ao aumento do consumo e à obsolescência programada de produtos, tem resultado em um volume cada vez maior de resíduos sólidos urbanos, pressionando sistemas de coleta e destinação já insuficientes. A ausência de políticas públicas abrangentes e a limitada adoção de práticas de economia circular contribuem para um cenário de descarte inadequado, com consequências que extrapolam o meio ambiente e afetam diretamente a qualidade de vida da população. Este artigo apresenta uma análise crítica dos impactos ambientais, sociais, econômicos e de saúde pública decorrentes da má gestão do lixo, destacando problemas como poluição de solos e cursos d’água, emissão de gases de efeito estufa, proliferação de vetores de doenças e exclusão socioeconômica de catadores e recicladores. Além disso, são discutidos os custos financeiros do manejo ineficiente dos resíduos e as oportunidades de geração de emprego, renda e inovação tecnológica associadas a sistemas de gestão integrada. Por fim, o estudo propõe reflexões e caminhos para a construção de políticas públicas sustentáveis, baseadas em responsabilidade compartilhada, educação ambiental e incentivo à participação social. A análise está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, reforçando a necessidade de transformar o desafio do lixo em oportunidade de desenvolvimento econômico, inclusão social e preservação ambiental, com vistas à promoção de cidades mais limpas, resilientes e saudáveis para as presentes e futuras gerações.