O presente artigo pretende elaborar uma reflexão crítica acerca dos lugares abandonados, buscando uma compreensão sobre o esfacelamento do corpo edificado na malha urbana da cidade, a degradação do espaço construído, suas origens e o significado simbólico-representativo na representação imagética da cidade, no cognitivo da memória urbana. O estudo será estruturado a partir de uma introdução e o subsequente desenvolvimento de três partes, a saber: (i) processos e rupturas, (ii) representação simbólica do abandono, (iii) espaços liminares e o movimento Urbex, seguido por uma conclusão final. Utilizando como diretriz fundamental um pensamento crítico acerca do processo de decadência urbana, opto por uma abordagem de valoração do abandono em seu interstício, almejando entender a presença inegável das ruínas na morfologia urbana e, por conseguinte, na composição da estética da cidade. Desta forma, percebendo-se o arruinamento como parte componente da identidade cultural lograda na apreensão dos espaços construídos da urbe.