Este artigo tem como objetivo pensar sobre os incômodos e as potências que podem emergir da realização de estudos antropológicos que implicam a análise sobre a própria área de atuação profissional (acrescida do fato de tal atuação ser de uma nãoantropóloga e não-pesquisadora). Discuto como a inserção profissional como assistente social (trabalho não acadêmico) de um órgão do sistema de justiça, realizando pesquisa de doutorado em Antropologia neste mesmo órgão, produziu condições específicas para investigação (o que chamo de lugar ambíguo), com desafios que nem sempre são superados por meio do uso das propostas de garantia de ética em pesquisa em Ciências Humanas e Sociais do Conselho Nacional de Saúde, por exemplo. Também indico os tortuosos caminhos e as complicadas saídas encontradas e/ou artesanalmente produzidas durante pesquisa diante da ambiguidade de ser profissional não acadêmica e pesquisadora simultaneamente.
This article aims to discuss the annoyances and the possibilities that can emerge from an anthropological research that also implies the analysis on the own area of professional activities (plus the fact that such activities are not of an anthropologist). The article presents how a professional performance as a social worker on the criminal justice system and as a PhD student of Anthropology conducting a research about the same criminal justice system, produced specific conditions for research. It presents the challenges that could not always be thought or solved by using the frames provided by Conselho Nacional de Saúde (National Health Council). It also demonstrates the tortuous paths and the complicated solutions found and / or handcrafted during research.