O presente artigo tem por objetivo propor uma leitura de sobrevoo de alguns elementos da obra de Mário de Sá-Carneiro, buscando apontar, primeiramente, como a sua dimensão mÃtica, cultivada desde as primeiras edições de sua obra, marcou profundamente a leitura que dela se fez. Nesse sentido, trataremos do seu suicÃdio, retomado e reafirmado por nomes como Fernando Pessoa, José Régio, Casais Monteiro, por exemplo, e de como esse tema contribuiu para a cristalização do seu mito. Em um segundo momento, levando em consideração determinados temas e figuras que podem ser apreendidos nos textos de Sá-Carneiro, indicaremos outros caminhos de leitura, buscando em poemas, cartas e algumas das suas narrativas elementos que permitam entrever na sua escrita a presença do seu corpo. E é a descrição desse corpo, que repropõe noções como feminino e masculino, que nos parece ser aquilo que devemos considerar como inovador na sua poesia, na medida em que seria justamente uma das suas marcas de modernidade.