A obra de Mário de Sá-Carneiro ainda se mantém actual cem anos depois da sua morte: a modernidade do seu estilo não se esgota nas modas modernistas da época, mas mantém-se actual e contemporânea dos dias de hoje. Esta obra é de uma grande coerência temática. Ao longo da sua poesia, prosa e teatro, repete-se renovadamente o tema do Eu/Outro, o desejo de atingir a perfeição absoluta, como Ãcaro, e o fracasso da realização plena. Em textos como os bem conhecidos poemas «Quasi», e «7» assim como na narrativa «A Confissão de Lúcio», está presente este desejo de fusão do Eu e do Outro e a impossibilidade de o conseguir. Mário de Sá-Carneiro foi, juntamente com Pessoa, um dos fundadores do modernismo português, um dos directores da revista «Orpheu». Ambos os poetas criaram ismos fundamentais para a construção do nosso modernismo: paulismo, interseccionismo, sensacionismo. No entanto, mantiveram-se fiéis aos seus estilos próprios.