Este trabalho busca compreender a atuação de mães que se organizaram e formaram um grupo para conseguir lutar pelos direitos dos filhos, jovens em privação de liberdade nos centros socioeducativos da cidade de Fortaleza (CE). A partir desse cenário, destaco que duas mães interlocutoras da pesquisa são mulheres moradoras de localidades periféricas da cidade, autodeclaram-se pardas e/ou negras e têm suas experiências elaboradas por situações de violência. A partir da pesquisa de campo entre 2016 e 2020, busco entender como o grupo surgiu e como as mães conseguiram se organizar e se articular. Como recurso metodológico, debrucei-me sobre as experiências das mães, apropriando-me de duas principais técnicas: entrevistas em profundidade e observação participante. Destaco que a pesquisa possibilitou compreender as disputas que atravessam o acionamento do termo “mãe”. Tais disputas envolvem implicações morais em torno dos significados de mãe, precipitadas a partir de relações de poder e expressão de emoções que norteiam as interações entre os sujeitos implicados nas situações de privação de liberdade descritas ao longo do trabalho.