Neste texto tentamos traçar, seguindo o conceito de dispositivo, o arco histórico em que os festivais de cinema surgiram e se proliferaram. Para tanto, vinculamos as circunstâncias políticas de receio mútuo entre as potências europeias entre si e entre os Estados Unidos, o avanço do capitalismo transnacional e seus corolários em discursividades tais como o audiovisual, especialmente o cinema. Faremos uma exposição sumária das conjunturas políticas, econômicas e sociais a fim de nos encaminhar ao caso do México e da atual realização de cerca de oitenta festivais no país, que conta com uma das indústrias culturais mais sólidas da América Latina. Nosso fito é estabelecer um laço entre as mais diversas instituições modernas e contemporâneas que ateste seu intuito de convergência, cujo resultado é uma constante apropriação recíproca, uma dependência mesmo, de programas estéticos (retóricos e poéticos) por instâncias de ordem econômica e política.