Embora os escritos de Machado de Assis experimentem diversos
gêneros textuais, a ficção narrativa é, sem dúvida, sua forma mais estudada.
Entretanto, convencionou-se que há uma cisão na obra do escritor a partir do
quinto romance – Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) –, que inauguraria
uma nova fase na vida literária machadiana, não apenas distinta da anterior ou
antagônica a ela, mas, sobretudo, mais "verdadeira". É óbvio que discordamos
frontalmente dessa análise e, ao longo de mais de uma década de pesquisa,
pudemos encontrar elementos para demonstrar que os marginalizados romances
da década de 70 - Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e
Iaiá Garcia (1878) - já colocavam em prática aquilo que, também como crÃtico
literário, o autor queria como inovação para as letras nacionais em seu tempo.
Even though Machado de Assis’ work shows experimentation with
various textual genres, fictional narrative is, undoubtedly, his most studied literary
form. It is generally accepted, however, that there is a stylistic rupture as of his
fifth romance – Memóriaspóstumas de BrásCubas (1881) –, supposedly launching
a new phase in the Machadian literary body of work that is not only different or
contrary to its preceding phases, but above all, more authentic. We obviously
fundamentally disagree with such analysis, and after over a decade of research
were able to gather evidence indicating that marginalized romances from the
1870s –Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá
Garcia(1878) – already manifested the author’s desire, also as a literary critic, to
bring innovation to the literature of his time.